Em 1960, um cirurgião americano disse uma frase que ficou famosa para sua época: "É hora de fechar o livro sobre doenças infecciosas e declarar vitória sobre a guerra contra a peste." A descoberta do antibiótico penicilina por Alexander Fleming, e seu sucesso no tratamento de feridas infecciosas durante a segunda guerra mundial, tornaram-se uma boa notícia no mundo da saúde.
Infelizmente, essa boa notícia não durou muito. Quatro anos depois, a penicilina não conseguiu tratar todas as feridas infectadas e surgiu um novo problema: a resistência aos antibióticos.
A resistência aos antibióticos, também conhecida como imunidade aos antibióticos, é a capacidade das bactérias de resistir aos efeitos dos medicamentos, como resultado, as bactérias não morrem após a administração de antibióticos. Já se passaram 46 anos e parece que ainda estamos longe de poder evitar as doenças infecciosas.
Como surge a resistência aos antibióticos?
Quando alguém está doente e recebe antibióticos, normalmente a bactéria morre devido ao medicamento. No entanto, em alguns casos, algumas bactérias sofrem mutações e formam resistência aos antibióticos.
Essas bactérias se multiplicarão e criarão uma colônia de bactérias resistentes e que podem ser transmitidas a outros indivíduos. Algumas das formas pelas quais as bactérias formam resistência incluem:
- Produzem enzimas que podem destruir antibióticos
- Alterações na parede / membrana celular bacteriana, de modo que as drogas não podem entrar
- Mudanças no número de receptores de drogas nas células bacterianas, então as drogas não podem se ligar
- E outros.
A imunidade a esses antibióticos é perigosa?
A prevalência de bactérias resistentes disparou nos últimos anos, e novos mecanismos de resistência continuam a ser descobertos e espalhados pelo mundo
A lista de infecções por bactérias que já têm capacidade de resistir é a pneumonia, a tuberculose, a gonorreia e continua crescendo. Isso faz com que o tratamento se torne cada vez mais difícil e, às vezes, a ponto de não poder mais ser tratado.
Essa condição é ainda mais exacerbada pela fácil compra de antibióticos, mesmo sem receita médica em alguns países. Em alguns países sem tratamento padrão, os antibióticos são frequentemente prescritos sem uma indicação clara. Isso aumenta o peso da resistência aos antibióticos existente.
A resistência leva ao aumento dos custos do tratamento, maior tempo de tratamento e hospitalização e maiores taxas de mortalidade.
Pesquisa realizada pela OMS concluiu que a taxa de mortalidade por infecção E. coli 2 vezes mais em bactérias resistentes do que em bactérias não resistentes.
Em infecções por pneumonia, essa taxa varia em 1,9 vezes e 1,6 vezes em infecções S. aureus. Na Europa, 25.000 mortes são causadas por infecções resistentes a cada ano, resultando em mais de US $ 15 milhões em custos de saúde e perda de produtividade no trabalho.
A resistência aos antibióticos fez com que o tempo de internação aumentasse em média 4,65 dias e o tempo de internação na UTI em 4 dias.
Por que não usamos novos antibióticos para o tratamento?
Em 2005, o FDA declarou que houve um declínio na descoberta de novos antibióticos na última década. Isso ocorre porque a descoberta de novos antibióticos requer muito tempo e dinheiro.
Demora cerca de US $ 400-800 milhões para a descoberta de um antibiótico. Além disso, a pesquisa para encontrar uma droga também leva muito tempo, passando por vários estágios antes de finalmente uma droga poder ser produzida em massa.
O que podemos fazer para prevenir a resistência aos antibióticos?
A descoberta de novos antibióticos para combater a resistência será em vão, se não for acompanhada por nossas ações para evitar que a resistência volte a ocorrer.
O que a sociedade pode fazer?
- Previna a infecção, mantendo a limpeza, lavando regularmente e adequadamente, vacinando.
- Tome antibióticos apenas se prescritos por um médico ou profissional de saúde.
- Sempre tome antibióticos.
- Nunca use sobras de antibióticos.
- Não compartilhe antibióticos com outras pessoas.
O que os profissionais de saúde podem fazer?
- Evite infecções lavando as mãos, lavando instrumentos médicos e mantendo um ambiente de trabalho limpo.
- Verifique o estado de vacinação do paciente, se está completo ou não.
- Se houver suspeita de infecção bacteriana, é melhor confirmá-la por exame laboratorial ou cultura.
- Prescreva antibióticos apenas quando for absolutamente necessário.
- Prescreva antibióticos com a dose certa, a forma certa de administração, o momento certo e a duração da administração.